Em live da FISP, especialista mostrou preocupação com a falta de atenção no treinamento de trabalhadores para o uso correto de EPIs
A queda de altura representa pelo menos 15% dos acidentes de trabalho no Brasil. O número de acidentes relacionados ao Trabalho em Altura é preocupante, mas esse índice vem caindo, gradativamente, por conta de ações de conscientização e da implementação da NR-35 (norma regulamentadora para trabalho em altura) e da NBR 16.489, que traz recomendações e orientações para seleção, uso e manutenção de sistemas e equipamentos de proteção individual para trabalhos em altura.
A questão foi debatida por Tiago Santos, especialista em proteção contra quedas e profissional de acesso por cordas nível 3, e o diretor comercial da Cipa Fiera Milano, Rimantas Sipas, durante a live promovida, no último dia 6 de outubro, pela FISP – Feira Internacional de Segurança e Proteção.
Na avaliação de Santos, as empresas precisam trabalhar com gestão e planejamento focados na segurança dos trabalhadores que atuam em altura. “O primeiro passo, é comprar equipamentos de segurança de qualidade, e também investir em treinamento adequado e verificar se ele atende as necessidades do trabalhador para o uso dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)”.
Rimantas lembrou que a FISP, por conta da pandemia, foi adiada para outubro de 2021 “para garantir a segurança dos expositores, fornecedores e, principalmente, visitantes”. “Mas continuamos a passar conteúdos aos profissionais com o apoio de especialistas do setor”. Para o diretor da Cipa, os EPIs, a segurança e proteção nunca foram tão falados como agora. “Isso aconteceu em um momento crítico para toda a população, mas gerou uma importância grande para a questão da segurança do trabalhador e das pessoas, que sempre deveria ter ocorrido”, disse. “Queremos que essa onda de prevenção continue, quando tudo voltar ao normal”.
Para Santos, mesmo com o avanço nas normas de segurança do trabalho em altura, que tiveram atualizações nos últimos anos, ainda estamos defasados. “Estamos buscando nos orientar por normas internacionais. Muitos países estão muito mais adiantados que nós e podem nos ajudar nesse avanço”. Outra necessidade, segundo o especialista, é que o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) continua usando as normas de 2010 para as certificações de equipamentos de segurança. “Queremos que o INMETRO passe a usar as versões atualizadas que estão mais dentro de nossa realidade”, afirma.
Falta gestão
Santos alerta ainda que falta gestão no setor de segurança nas empresas. “Depois tentam responsabilizar o trabalhador. Recentemente acompanhei um acidente de trabalho em altura onde a investigação seguia a linha de que o trabalhador não estava preso. Mas ele não tinha onde conectar seu equipamento e onde a empresa afirmava que ele deveria estar conectado não tinha segurança”, relatou.
Pela experiência que possui, Santos acredita que havendo o cuidado de incluir a prevenção no projeto será possível evitar dois terços dos acidentes em altura. “Um exemplo positivo é o de algumas empresas da construção civil que estão usando redes certificadas para ‘envelopar’ toda a obra. Assim, apenas a primeira equipe, que faz as instalações, fica exposta ao risco deixando as demais protegidas”.
Rimantas concluiu que “a segurança no trabalho em altura exige planejamento, gestão, bons equipamentos, proteção coletiva e uma administração da empresa sobre tudo isso”.
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